O Nepal atravessa um dos momentos mais turbulentos de sua história recente. A partir de 8 de setembro de 2025, manifestações lideradas por jovens da Geração Z tomaram as ruas do país, exigindo uma transformação profunda no sistema político e social. O estopim foi a imposição de uma proibição temporária de redes sociais, mas a revolta foi alimentada por anos de frustração com a corrupção sistêmica, desigualdade econômica e falta de oportunidades.
Uma Revolta Juvenil Contra o Sistema
O movimento, amplamente organizado por estudantes e jovens profissionais, ganhou força rapidamente. Protestos pacíficos se transformaram em confrontos violentos após a repressão das forças de segurança, resultando em pelo menos 72 mortes e mais de 2.100 feridos, segundo o Ministério da Saúde do Nepal Reuters. Edifícios governamentais, incluindo o Parlamento, o Supremo Tribunal e o escritório do Primeiro-Ministro, foram incendiados, simbolizando a ira popular contra um sistema considerado corrupto e ineficaz.
A Queda de um Governo e a Ascensão de uma Nova Liderança
Diante da escalada da violência, o então Primeiro-Ministro K.P. Sharma Oli renunciou e fugiu do país. Em seu lugar, foi nomeada a ex-juíza-chefe Sushila Karki, que se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de Primeiro-Ministro do Nepal AP News. Karki, conhecida por sua postura firme contra a corrupção, assumiu o governo interino com a promessa de reconstruir o país e convocar novas eleições parlamentares para 5 de março de 2026 Reuters.
Reações Regionais e Implicações para a Democracia
A crise no Nepal tem repercussões além de suas fronteiras. Especialistas alertam que a instabilidade política no país pode afetar a segurança regional, especialmente em relação às relações com países vizinhos como Índia e China Al Jazeera. Além disso, a situação levanta questões sobre a liberdade de expressão e os direitos civis em uma região onde o espaço democrático tem sido cada vez mais restrito.
O Futuro do Nepal: Entre Esperança e Desafios
Enquanto o país tenta se recuperar dos danos físicos e psicológicos causados pelos protestos, a nomeação de Sushila Karki representa uma oportunidade para uma liderança mais inclusiva e transparente. No entanto, os desafios são imensos: restaurar a confiança nas instituições, lidar com as consequências econômicas da crise e garantir que as vozes dos jovens sejam ouvidas e respeitadas no processo político.
O Nepal está em um ponto de inflexão. A mobilização da Geração Z demonstrou o poder das novas gerações em moldar o futuro político do país. Agora, cabe à nova liderança e à sociedade nepalesa decidir se essa energia será canalizada para uma transformação pacífica e construtiva ou se o país continuará a enfrentar os fantasmas de um passado marcado pela corrupção e pela desigualdade.


